13.6.06

Primeiro contacto

Rapaz moreno, olhos profundos e bem negros, cabelo igualmente negro. Dentes perfeitos, sorriso magnífico. Uma voz rouca e harmoniosa. Rapazinho simples. Na maneira de se vestir, na maneira de estar, na maneira de falar, na maneira de tocar e até mesmo de cantar. Sim, porque ele toca e canta maravilhosamente bem. E escreve letras. Letras fantásticas as dele. MESMO! Até mesmo quando cantou a música sobre a Florbela Espanca, poetisa que eu tanto gosto. E criticou-a e julgo até, que a tenha “humilhado”. Não me ofendi, nem sequer me importei! É o pensamento dele e eu só tenho de respeitar. E ele é um senhor e antes de a cantar, perguntou-me se eu gostava de Florbela Espanca e eu disse que sim. E ele então disse que não a cantava porque eu não ia gostar. Mas acabou por cantá-la. Eu queria saber o que ele achava dela, como ele a analisava, mas principalmente, eu queria ouvi-lo cantar. E ele cantou. Mais uma música. E eu ouvi-o. Ele captou a minha atenção total.
A maneira dele cantar e principalmente o olhar dele, a maneira de estar… Cativou-me. Definitivamente. Mas eu pouco ou nada sei do Poeta. Não sei o nome próprio – foi-me apresentado como Poeta, só – não sei se estuda, se trabalha, não sei a idade. Não sei sequer se tem namorada. Sei apenas que já teve uma desilusão amorosa. Não sei se há muito tempo ou se há pouco, não sei nada. Sei apenas que houve um alguém que lhe destroçou o coração. Ou seja, nada sei. Há uma coisa que eu sei e que tenho a certeza, o Poeta mora na minha rua, ou seja, sei que muito provavelmente, vou voltar a encontrá-lo, a estar com ele e quem sabe, ouvi-lo a cantar outra vez. E acreditem em mim, ele é mesmo bom compositor, bom cantor. Tudo o que toca é de ouvido… os seus dedos a passarem nas cordas da guitarra, não eram agressivos, não eram pesadões… eram suaves, simples, para não destoar do conjunto.
Fiquei encantada. Estou enfeitiçada pela voz, pelo olhar, pelo sorriso, pela presença de um rapaz, do qual nada sei. O POETA.

Ao som de Portishead- Roads