30.1.08

Partilha 1

Estou com tanto medo… Por ti! Custa-me tanto saber que estás a enterrar a tua vida. Que tal como disseste, estás “a viver um sonho” e não te consegues aperceber disso mesmo. Os sonhos não passam disso mesmo, de sonhos. Os sonhos não representam a realidade. E é disso que tenho medo. Do dia em que te deparares com a realidade.
Chamei-te de insensível, cruel, mau entre outros tantos adjectivos. Estava dominada pela raiva, pelas saudades, pelo ciúme, pela necessidade de estar contigo. Não é isso que penso de ti. E peço desculpa pelo que te magoei quando proferi essas palavras.
Pensando com a cabeça mais fria, até acabo por entender, em parte, as tuas atitudes para comigo. Também tu foste dominado por sentimentos e pensamentos bastante negativos. E sinto-me responsável por isso. Fui o ponto de partida para tudo o que passaste e fizeste.
E sinto-me tão ou mais responsável, pelas decisões que tens andado a tomar, subitamente, para a tua vida, para o teu futuro. Não era preciso terem mandado “dicas” para eu perceber o que se estava a passar e as mudanças que a tua vida está a sofrer. Disse-to num dos telefonemas que te fiz de Coimbra, ao qual tu respondeste “não comeces a tentar adivinhar”. Tal e qual a resposta que me voltaste a dar quando cheguei e me disseste para passar em tua casa. As “dicas” serviram apenas para confirmar o que eu temia. Obviamente são decisões tuas que não me dizem respeito, a partir do momento em que não falas comigo sobre elas. Como tal, da minha boca não ouves/ouvirás nada em relação a isso. Claro está, que se te vieres a abrir comigo e me pedires opinião, darei a mesma com todo o gosto. Mas sempre de pé atrás, para que não hajam confusões e não interpretes de uma maneira errada. Contudo, a probabilidade de falares comigo sobre esses assuntos é tão diminuta que nem sequer penso em como te dizer o que quer que seja. Certamente que tenho sentimentos relacionados com isso e pensamentos, que guardo para mim.

Contigo, aprendi muita coisa inclusive a estar calada.

Quanto a afirmares que eu não quero só amizade… Obviamente que me custa não te ter, não poder estar contigo à vontade, não dormir contigo, não partilhar o meu dia-a-dia contigo e até, não me relatares o teu dia no Hotel. Claro que sim. Eu amo-te! Sinto muita falta de muita coisa. E ainda sentirei mais. Mas eu não me esqueci das conclusões a que cheguei e que despoletaram esta revolução toda nas nossas vidas. Continuo com a perfeita consciência que uma relação amorosa entre nós, não é saudável. Sem dúvida alguma que as diferenças entre nós têm um papel demasiado importante. A partir do momento em que os meus planos para o futuro em pouco se cruzam com os teus, obviamente, que uma relação amorosa está automaticamente condenada. No entanto, afirmei sempre que me custa muito, que é algo a que dificilmente passo impune e que é o pior sentimento relacionado com o “amor” que conheci até hoje. Essa tomada de consciência, a meu entender, chegou cedo de mais. Tudo isto para te explicar que luto apenas pela amizade e nada mais que isso. Certamente que os ciúmes atacam, obviamente que há muita coisa que me custa. É natural. É o sentimento de ser-se “ex-namorada”. Com o tempo, isso passará. E sabes? Não tenho de exercer um controlo assim tão grande para te dar um beijo ou um abraço ou agarrar-te e não te largar, dizer “amo-te”. Isto quando estamos lado a lado. Porque depois a ausência… essa deixa-me descontrolada. Calma! Já foi bem pior. Suponho que não tenhas sequer sentido uma única vez a tua importância para a minha pessoa. Tornaste-te na pessoa mais próxima de mim, é normalíssimo que a tua importância para mim seja enorme. Gostava de sentir um dia que percebes isso. Mesmo que não sintas, que percebas apenas.
Quanto à amizade. Sabes como eu lido com ela, sabes o grau de importância que ela tem na minha vida. Sabes que os meus Amigos (com “a” maiúsculo) são o meu bem mais precioso e sabes também que acredito e confio na amizade acima de tudo. O meu conceito de amigo é muito pessoal. Algumas pessoas já me questionaram sobre a minha “grelha de tipos de relacionamento” que tenho com as pessoas e das diferenciações que faço. Os “conhecidos” são o grupo dominante. Mas não se inserem todas as pessoas com quem já troquei umas palavras ou já bebi uns copos ou já tive algum outro tipo de contacto. Nos conhecidos, insiro aqueles que conheço minimamente, que me conhecem minimamente, pelos quais nutro alguma/muita simpatia e com quem me sinto bem. Todos os outros com quem nunca partilhei absolutamente NADA são os “amigos de fulano/a”. E aqui apresento um pequeno resumo. Obviamente que tenho amigos. Pessoas que confiam em mim e partilham comigo as tristezas e felicidades, tal como eu faço. Contudo, Amigos para tudo tenho dois. Já te disse e repito quantas vezes forem necessárias, que eu sou assim para contigo, uma Amiga para tudo. E luto, para que a amizade entre nós fortaleça e nos permita partilhar momentos únicos.

“Como namorada sou péssima. Como amiga, sou do melhor que há.”

Há primeira vista, parece uma afirmação um tanto ou quanto agressiva. Chamem-me o que quiserem, mas esta é a realidade. Já mo disseram algumas vezes e eu sinto mesmo isso. Se há algo do qual me orgulho é de ser boa amiga. Independentemente se do outro lado, está alguém que até não merece assim tanto a minha presença, as minhas palavras, os meus sentimentos. Orgulho-me de ser uma boa amiga. Estou sempre pronta, para quem me “requisita”. Já fui criticada bastantes vezes por isso incluindo por ti. Eu sou assim de natureza. Há quem me chama de “ingénua”. Talvez o seja mesmo e um dia me aperceba que não posso ser assim, para meu próprio bem e das pessoas que me rodeiam. Sinceramente, espero que esse dia não chegue. Gosto desta minha “ingenuidade de criança”, de confiar facilmente nas pessoas, mesmo depois das várias desilusões que já tive.


Recebi hoje o computador pronto a funcionar. Estava-me a fazer bastante falta. Decidi passar um tempo com o “meu menino” e deixei os dedos dançarem sobre o teclado e os pensamentos e sentimentos fluírem. Provavelmente, quando reler isto, acharei demasiado confuso. Ou demasiado expressivo. Ou demasiado teórico. Agora, sinto-me aliviada. E é exactamente disto que preciso. Do “alívio”.

Um beijo enorme para ti POETA

Ao som de Ana Carolina - Nua

(17 de Julho de 2007)