13.9.06

linhas cruzadas

Conheces aquela sensação de ouvir uma história que poderia ser a tua? Sabes o que é, descreverem-te sentimentos e situações, que tu já sentis-te, pelos quais já passas-te?

Hoje, um amigo meu, contou-me a “minha história”. Está a custar-lhe bastante, uma determinada situação, está-lhe a ser bastante difícil ultrapassá-la. Eu sei que ele vai conseguir superar, ele também o sabe. Resta apenas saber, quanto tempo vai demorar. Digamos que os sentimentos dele, os desejos dele, são equiparáveis aos meus, neste exacto momento. O afastamento de alguém está a deixá-lo sem vontade de comer, sem vontade de fazer alguma coisa. Porém, ao contrário de mim, que prefiro manter-me no meu mundo, sem ninguém a intrometer-se, ele prefere sair e estar com as pessoas. É uma opção e provavelmente a mais correcta. Depende de pessoa para pessoa.

Ao longo da nossa vida, muitas são as pessoas que vêm e vão. Muitas deixam marcas, outras nem tanto. Entre as que nos marcam, umas marcam bastante, outras deixam apenas recordações. Por umas, aquelas que de uma forma ou de outra se tornaram parte de nós, desejamos o regresso. Ficamos sentados, à espera de um telefonema, de uma mensagem, de algo! Não interessa o quê. Esperamos e pronto… Sem saber bem como, até quando e porquê. Tentamos ao máximo controlar os nossos impulsos. Resistir à tentação de sermos nós a comunicar. “Vou esperar que ele/ela diga alguma coisa. Não o/a vou pressionar.”. É este o nosso pensamento e é este o pensamento que controla as nossas atitudes. Tornamo-nos escravos de nós próprios. Escravos dos nossos sentimentos e daquilo que achamos ser o mais correcto. Será que é esta, a melhor atitude? Será que aquela ideia, pré-definida, que o outro, vai sentir a nossa falta (independentemente de esse mesmo “outro”, vir a sentir a nossa falta ou não) e então irá comunicar connosco é a certa? Será que tem mesmo de ser assim? Ou em vez de ficarmos parados, à espera de quem nos está a fazer sofrer, à espera que nos digam alguma coisa, devíamos era levantar, erguer a cabeça e caminhar. Passos firmes. Segurança. E voltar a tentar conquistar? Tentar captar o que falhou e tentar emendar?

Eu queria ajudá-lo. Tentei fazê-lo. Mas infelizmente não consegui. Porque as dúvidas, os pensamentos, os sentimentos e as questões são exactamente os mesmos que me preenchem. Gostava de lhe ter dito, que tudo ia correr bem. Adorava ter-lhe mostrado ou ter iluminado o melhor caminho para ele fazer. Mas não consegui. Encontro-me assim há uns dias, já são bastantes, e não consegui encontrar as respostas, as soluções. Nem para mim, e agora, nem para ele. Mas infelizmente, o que sucedeu com ele está a dar-me uma perspectiva diferente. A perspectiva de quem está de fora. É sempre mais fácil, para quem não é personagem principal, observar, analisar e então, tirar uma conclusão. É! Sem dúvida alguma. Mas sabes… Estou tão absorvida com tudo o que se anda a passar comigo, que enquanto ele falava comigo, a única coisa que eu conseguia pensar era “Como te percebo…”. E foi talvez as melhores palavras que lhe disse. Porque tudo o resto que eu lhe possa ter dito… não passaram de palavras. Ele leu-as, até lhe fizeram sentido, mas de nada serviram para atenuar a dor que ele está a sentir. Lamento sinceramente. Estando eu a passar pelo mesmo, já há mais dias, já deveria ter encontrado pelo menos algumas das respostas. Já deveria saber o que fazer no que toca a lágrimas, sentimento do vazio, da solidão. Afinal, tenho mais experiência. Mas essa mesma experiência, de nada serviu…
Ele está triste. Eu estou “deprimida”. Ele sente-se só. Eu também. Ele só a quer a ela e eu, só quero O POETA.
Ao som de Save Ferris – I Know