2.9.06

monólogo

Sabes uma coisa? As pessoas vão-se modificando e eu não sou excepção. E ando a dar conta disso… As alterações em mim, têm sido constantes já há algum tempo e agora, nestes últimos meses, a minha vida deu uma volta enorme.
Num daqueles “colanços”, provocados por nós sabemos bem o quê, dei por mim a pensar e a reflectir sobre a minha pessoa. Quando parei de pensar e dei conta de que o estava a fazer, vim para o computador escrever isto. Hoje, apetece-me dissertar na 1ª pessoa, discurso directo. Como se tu me estivesses a ler ou a ouvir neste exacto momento. Eu sei que tenho em ti, um bom amigo, sempre pronto para me escutar (desde que não coincida com as horas de trabalho) e quem sabe auxiliar. Mas como desta vez, é só uma constatação minha, exactamente sobre mim, a minha pessoa, o meu ser, achei que teria a sua piada, fazê-lo para ti, aqui. Não estás perto de mim, temos uma distância considerável entre nós, mas sei que se pudesses, me estarias a ouvir neste momento…
(releio o que escrevi e estas palavras são estranhas… Há aqui qualquer coisa que não está a encaixar muito bem mas pronto… É a minha escrita… parece outra pessoa a escrever… ou então não… não sei a sério. Ou se calhar até está tudo normal e este, é só mais um filme da minha cabeça, provocado por nós sabemos bem o quê… enfim… Adiante!)

Sempre fui uma miúda muito reservada em casa. Sempre brinquei muito no meu quarto, com as minhas coisas, sozinha… às vezes o meu irmão ou o meu Pai brincavam comigo, mas nunca fui muito de conviver com a família. Isolava-me bastante, no meu cantinho, no meu mundinho. E ainda hoje sou assim. Quando estou em casa, é muito raro estar na sala, com a família. Normalmente estou no quarto. Quando não estou, é porque é hora da refeição ou necessitei de ir à casa-de-banho ou porventura estou a falar com o meu Pai. É muito raro eu estar em casa e não estar no meu quarto. Até porque no meu quarto, tenho todos os atractivos para me deixarem fechada no quarto e não socializar. Mas sempre fui assim, desde miúda. Apesar disto tudo, sempre fui uma rapariguinha bastante alegre e muito sociável. Nunca tive problemas em ir à escola, conhecer novas pessoas… Tímida, só nos primeiros dias porque depois de solta, tudo parecia normal, já se falava como se o conhecimento fosse de longa data. Até aqui, em pouco ou nada me alterei. Mas no antigamente, sinceramente não sei dizer se um antigamente longe ou um antigamente perto, qualquer pretexto era óptimo para sair de casa. Chegava a sair de casa sozinha, não ter nada combinado com ninguém e andar por aí a vaguear… Sabia-me bem e para mim, quanto menos tempo estivesse em casa, melhor. Hoje, dou por mim a ficar mais em casa, mesmo que não seja para estar a fazer companhia à família, dou por mim a recusar cafés e possíveis noitadas e possíveis mini-férias. Sei que também não fico a fazer nada de jeito, aparentemente – pelo menos aos olhos dos outros – mas sinceramente pouco é o apetite para sair de casa. Aliás, eu sei que sair, até me apetece, mas o que me faltam, são motivos para sair… Gosto de ficar em casa, a ler um livro, ouvir música, navegar na internet, jogar playstation, ver um filme/televisão, ir fumando os meus cigarros na varanda, escrever um bocado. Quando saio, é apenas porque tenho um motivo forte para o fazer. Quanto mais me mantiver por casa, melhor. Obviamente, adoro os cafés com os amigos, respirar ar puro, ver pessoas, ter alguma movimentação. Adoro isso e acho que é das melhores coisas que podem haver. Mas ando numa mais de caseira. Acho inclusive, que há pessoas que estão um bocadinho chateadas comigo, mas eu não tenho culpa, a sério que não. Apetece-me apenas andar por casa. Eu sei que é horrível de se ouvir e muito mais de entender, mas ando a respeitar as minhas necessidades físicas e psicológicas. E enquanto o puder fazer, vou fazê-lo.

Também é um facto, minimamente relevante, que eu estive o dia todo com a casa livre. Por falar nisso… apetece-me retratar o meu dia de hoje…

Acordei às 6 e pouco da manhã, sobressaltada. Estava a sonhar, não foi um pesadelo. Mas no meu sonho, eu tinha de me despachar. Por acaso, hoje, lembro-me do que sonhei e sei que tu estavas incluído nele, mas como em qualquer sonho, há sempre situações estranhíssimas, que tornam os sonhos algo mágicos, mas também um bocadinho obscuros. Talvez um dia decida tentar explicar-me sobre isto. Hoje não. Hoje apetece-me relatar o meu dia… Levantei-me então às 6 e tal da manhã, fui à casa-de-banho e voltei para a minha cama. Entrtetanto, olhei para o meu telemóvel e tinha lá uma mensagem tua, que como já te disse, amei! Sabes que estarei sempre cá para ti!! (continuando...) Custou-me um bocadinho voltar a adormecer, acho que, não querendo induzir em erro, sensivelmente 15 minutos. O meu Pai, tinha-me dito na noite anterior que ia ao supermercado e eu estava a contar que ele me acordasse para eu ir ter com eles. Em vez disso, voltei a acordar por volta das 13.00. Levantei-me, comi qualquer coisa e liguei ao meu Pai a perguntar por onde andava e ele então disse-me que tinha ido dar um passeio a Sintra, que me viu a dormir tão profundamente que nem teve coragem para me perguntar se eu também queria ir. Foi uma boa opção, a do meu Pai, bastante sensata. Liguei o computador e por aqui fiquei, a ver umas coisas, a ler outras, a sacar músicas, a pôr algumas conversas em dia. Estive também a ver um bocado do tutorial do GANGSTERS2. Parece-me um jogo interessante, tenho de ver se o aprendo a jogar. Com isto tudo, as horas foram-se passando e por volta das 16.00, tive um motivo para sair de casa. Fui com a Maria a uma livraria que ela descobriu. Por acaso já sabia da existência dela, mas já há bastante tempo que não passava por lá. Foi bom. Vi lá um livro que irei lá buscar certamente, para nós os dois. Depois sentámo-nos no café que “pertencia” à dita livraria. No regresso a casa, ainda dei “duas de paleio” com o Vasco e a Catarina, que estavam sentados no banquinho da Igreja. Já a chegar a minha casa, a tua Mãe estava à porta do prédio. Fui lá dar um beijinho, ainda a ajudei numas coisinhas. Despedi-me e vim para casa. Eram 20.00 e poucos minutos. Recomecei a minha leitura, continuo a ler “Será Que As Mulheres Ainda Acreditam Em Príncipes Encantados?”, do Rodrigo Moita de Deus. Algumas páginas à frente, a fome deu sinal de vida. Fui preparar o jantar. A família ainda não tinha chegado, mas calculei que não fizessem questão que eu esperasse por eles até porque, muito provavelmente, quando chegassem, já viriam jantados. Ao jantar, senti um bocado a solidão. Lembrei-me daqueles dias em que eu estive sozinha em casa e tu vinhas cá jantar. Fizeste-me bastante falta hoje ao jantar. E pronto, jantada e loiça posta na máquina (sim porque já tenho máquina para lavar a loiça!!!), roupa estendida, regressei ao meu quarto. Entretanto ouvi a porta da rua, era a família a chegar. E pronto, cumprimentos da praxe, aqueles minutinhos de conversa e regressei ao meu quarto. Sentei-me no meu puff e foi aí que me vieram os pensamentos, sobre os quais comecei a falar neste post.

Enquanto estava a escrever isto tudo, lembrei-me que se calhar só fiquei hoje, a maior parte do dia em casa, porque a casa estava vazia. Mas rapidamente me lembrei que já estou assim há uns dias. Tal como referi, acho até que há pessoas que não estão lá muito satisfeitas com esta minha ausência, mas eu não posso fazer nada. Preciso dela. Até porque está praticamente a começar, a nova fase da minha vida. Preciso de descansar. E sinceramente, tu não estares aqui, também não em dá muita vontade de fazer alguma coisa. Apeguei-me muito a ti, à tua presença. Mas não te preocupes que a principal razão e a única que tem um peso forte, nesta minha ausência das ruas, é precisamente o facto de eu andar a dispensar algum tempo a pensar em mim, na minha vida, nos meus objectivos.

Às vezes, sabe mesmo muito bem, passar uns dias em nossa casa, no nosso cantinho a pensar sobre nós. E mesmo que não seja a pensar, sabe optimamente bem, passarmos uns tempinhos connosco (próprios). Tenho pena que a casa não esteja assim mais vezes. A mim sabe-me muito bem e faz-me ainda melhor e à família, é óptimo porque se divertem e fogem da rotina stressante, habitual do dia-a-dia de qualquer pessoa que more numa cidade como Lisboa.

Acho que vou ficar por casa esta noite. Mais uma vez… As forças são poucas e a vontade é quase nenhuma para me pôr a caminho e sair de casa. Acho que vou definitivamente ficar por aqui e talvez quem sabe, ainda volte hoje aqui, para falar mais um bocadinho com ou sobre ou para O POETA.


Ao som de The Kooks – She Moves On her Own Way
(Para mim, uma das bandas revelação do SW 2006)