20.11.06

Hotel Madrid

Sentada, num dos sofás cinzentos do Hotel Madrid... confortáveis diga-se de passagem...
Dei comigo a pensar o porquê da minha presença nesse local... lugar que tanto ciúme me provoca. Talvez dos meus maiores ódios. E no entanto, lá estive eu, agarrada ao computador a trabalhar. Pelo menos deu para trabalhar. Para não causar incómodos, não liguei a música... Sendo assim, a minha única banda sonora, era a tua voz. Só ela me fazia levantar o olhar do teclado. De resto, qualquer outra movimentação em meu redor, era-me completamente indiferente. É assim, quando tenho uma lista infidável de trabalhos para realizar e pouco tempo disponível para o realizar.
Pausa nos trabalhos, fomos tomar um café. BOA! Já não podia olhar mais para a minha mais recente paixão (leia-se, o meu computador!). Passei praticamente o meu dia todo, agarrada a ele, a escrever e a pesquisar e a escrever e a pesquisar... e voltava a escrever e a pesquisar. E mais tarde, cheguei a casa e voltei a escrever e a pesquisar...
Como tenho de me controlar. É difícil, acredita que sim! Eu sei que tu sabes que sim... É complicado demais. Por vezes sinto a necessidade de fugir e desatar a chorar ou começar a berrar com tudo e com todos. Porquê? Porque tem de ser assim? Eu continuo a amar-te... Tu sabes disso. Não acredito que não o sintas, quando eu sei que transpiro amor, quando estou perto de ti. E até mesmo quando estou longe... Tremem-me as pernas, bate-me o coração... Solta-se a menina apaixonada que se mantém dentro de mim, escondida pela rapariga com a mania que é independente e segura de si própria. Torno-me impotente e sem rumo... Fraca. Sinto-me fraca ao pé de ti.
Sem dúvida alguma que me apetecia ter ficado mais tempo, a observar-te, a analisar-te no teu mundo... Fui incapaz... Tinha mesmo de vir jantar a casa e aproveitei o facto de estar na rua para me ir embora. Podia ter ficado mais um bocado... certamente que sim... Para quê? Para olhar para ti?! Para confirmar que ainda não te esqueci. Que és o meu tudo? Desculpa, preferi não o fazer... É compreensível não é?
Sabes qual é o meu sentimento em relação a esse lugar que hoje me acolheu? Sinto-me roubada. O Hotel Madrid “roubou-me” O POETA.
Ao som de Pedro Abrunhosa – É Difícil